Celular, internet e TV a cabo: por que a chuva pode afetar esses serviços?

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Quando chove muito, seu telefone fica sem sinal? A internet também? E a TV a cabo? Os temporais não bagunçam só o trânsito. As reclamações sobre a qualidade do sinal aumentam em dias de forte tempestade, principalmente se o transtorno na cidade envolver ventania, queda de árvores e apagão.

A falta de energia corta o sinal de transmissão — diretamente onde está a torre ou em algum poste na região onde você está, por exemplo. Sem luz, os receptores da casa também não funcionam.

Segundo Eduardo Tude, da consultoria em telecomunicações Teleco, o celular possui uma vida útil maior nestas situações, já que as estações de transmissão possuem baterias com duração de, aproximadamente, quatro horas. Então, mesmo que falte energia na torre, o fornecimento do sinal segue para o cliente. “Passado esse tempo, o sinal vai cair também”, diz.

Com os imprevistos na rua, também pode ocorrer o rompimento de cabos e fiações, um problema que afeta diretamente a recepção de sinal de banda larga e TV. O reparo é realizado diretamente nos postes: primeiro, restauram a energia elétrica na região, e depois uma equipe da área de telecomunicações atua no local. Isso pode levar até quatro horas.

Pisca, mas não cai

Você pode não ter reparado, mas tem sido cada vez mais comum que a luz apenas pisque em vez de cair. Por trás desses poucos segundos que nos assustam, existe uma série de tecnologias que foram reforçados nos últimos anos ao longo da fiação. Por exemplo, religadores automáticos e equipamentos que fazem uma reconfiguração da rede, caso uma falha seja notada.

“Antigamente, quando chovia e ventava, acontecia de uma fase encostar na outra, gerando um curto-circuito, que aumentava a corrente, fazia a tensão elétrica cair e apagava a lâmpada”, explica o professor Edval Delbone, coordenador do curso de Engenharia Elétrica do Instituto Mauá de Tecnologia.

Era o que acontecia, por exemplo, quando um galho caía no fio: gerava um curto-circuito e uma equipe precisava ir até o local para corrigir a falha, algo que poderia levar horas. Hoje os religadores automatizaram o processo, então a luz pisca, mas não apaga de vez.

“No passado, a rede desligava e abria o fusível. A equipe via que não tinha rompido nenhum fio e religava a rede. Hoje isso é feito automaticamente, fica alguns segundos desligado e tenta religar uma, duas vezes. Se no terceiro ciclo de religamento o curto continuar, fica desligado”, aponta Saulo Ramos, diretor de operações da Enel em São Paulo.

De acordo com os especialistas, essas piscadas de luz geralmente não causam danos a equipamentos —seria como remover o aparelho da tomada. Há um risco, mas não tão grande quanto o de uma descarga elétrica.

Outra tecnologia que tem evitado longas quedas de energia é a “autoreconfiguração da rede”, mais robusta que os religadores. Aqui a “piscada” ser um pouco mais longa.

A reconfiguração da rede ocorre em casos mais graves, como uma queda de uma árvore sobre um poste ou fios. O curto-circuito gerado não é resolvido simplesmente pelo religador e, nesses casos, uma região ficará sem energia. Mas a autoreconfiguração diminui o estrago.

“Esses equipamentos identificam onde está o defeito, vão isolar essa falha e reenergizar todos os outros clientes por meio de uma reconfiguração dos postes que levam energia. Digamos que dez mil pessoas são afetadas inicialmente. Dessas, oito mil podem ser beneficiadas com a autoreconfiguração e vão só sentir uma piscada mais longa”, conta Ramos.

Fonte: UOL